O Ilê da Oxum Apará (IOA), é uma comunidade tradicional de matriz africana e instituição jurídica sem fins lucrativos e de Utilidade Pública Municipal, fundada em 1972. Coexistimos em um espaço tradicionalmente ocupado de aproximadamente 70 mil m², onde cultura, meio ambiente e sociedade interagem de forma interdependente. Nosso espaço é histórico-antropológico, étnico-ecológico, étnico-botânico, de salvaguarda da biodiversidade, da cultura e dos cultos tradicionais de matriz africana. Nossos valores são os princípios culturalmente estruturantes, as cosmologias, os processos históricos, os valores civilizatórios, as dinâmicas sociais, as epistemologias, as filosofias e as ontologias que compõe o legado dos povos tradicionais de matriz africana para a humanidade, bem como, o legado e a memória do Babalorixá Jair de Ogum. Nossa visão busca um horizonte em que possamos contribuir para uma consciência humanitária capaz de reafirmar e reconhecer a importância do legado dos povos tradicionais de matriz africana para a humanidade, consideradas a partir da totalidade das experiências que contemplam a vida. Nossa missão se fundamenta em: promover a justiça e a equidade racial, cultural, social, política e econômica; contribuir para uma educação afrocêntrica, Kilombista e antirracista; atuar para existência e o resgate cultural, histórico, civilizatório, social e político das comunidades tradicionais de matriz africana; reafirmar e valorizar a cultura, a identidade, os modos de vida e a produção de conhecimento das comunidades tradicionais de matriz africana; contribuir para o empoderamento intelectual, estético, psicossocial e emocional da população afrodescendente; trabalhar em prol da preservação, manutenção e continuidade da memória, do legado e do patrimônio material e imaterial do Babalorixá Jair de Ogum; manter este espaço tradicional em benefício dos povos e comunidade tradicionais de matriz africana e afro-brasileira; consolidar possibilidades para a sustentabilidade econômica da comunidade. Lélia de Almeida Gonzalez, uma das co-fundadora do Ilê da Oxum Apará e integrante permanente desta comunidade, se junta novamente à massa de origem (falecimento) em 1994. Neste mesmo ano, é doada ao Ilê da Oxum Apará parte de sua memória materializada, tais como: fotografias, cartazes, postais, cartas, livros, textos datilografados, manuscritos, documentos pessoais, jornais, títulos, diplomas, medalhas e quadros. As narrativas orais transmitidas pelo Babalorixá Jair de Ogum, amigo e conselheiro de Lélia, revelam um desejo muito especial e particular: a existência de um espaço para estudos e pesquisas em seus livros e pensamentos. De acordo como Babalorixá Jair de Ogum, este desejo foi carinhosamente manifestado durante a existência de Lélia no Ayê (mundo com limites) - e também confirmada a partir de sua existência no Orún (mundo sem limites). A chegada da memória materializada de Lélia Gonzalez ao Ilê da Oxum Apará, esteve sempre fundamentada e comprometida com este desejo. Mesmo sem êxito na busca por parcerias e recursos para a realização do desejo de sua filha e amiga, em 2002 com seus próprios recursos, o Babalorixá Jair de Ogum inaugura o Acervo Cultural do Ilê da Oxum Apará (ACIOA) e nele: o Memorial Lélia Gonzalez; o Memorial Jair de Ogum; o Memorial Sandra Bréa; duas Biblioteca e vasto acervo etnográfico composto por peças de arte e artesanato como: estatuetas, esculturas, telas, louças e artefatos do cenário artístico e cultural africano, ameríndio, afro-brasileiro e greco-romano. Entre os acervos, memoriais e bibliotecas, estima-se o quantitativo de vinte mil peças. Dessa forma, o ACIOA possui vasto campo para pesquisas científicas e produções culturais.
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